Todos nós aqui passamos pelo Primeiro Grau. Todos nós aqui ficamos ali, sentados em silêncio,aguçando nossos sentidos.
E se nos reportarmos ao mundo profano e fazendo uma analogia com Vida Maçônica, numa frase que muitos aqui escutaram,enquanto alunos,quando um professor dizia: “
Façam silêncio,senão, não irão “pegar” o fio da meada”. Em Maçonaria é a mesma coisa.
Achamos também que, quando somos convidados a ingressar nessa Nobre Arte Real, por sermos homens de bons costumes, não precisamos nos aprimorar,que não precisamos evoluir e por vezes, alguns dizem:
“Queria ser como aquele Irmão! “ – referindo-se ao seu conhecimento em Maçonaria, mas não se esmera para tal. Pois bem, um simples exercício pode fazer a diferença: Pensar.
O Ser humano distingue-se dos demais animais pela capacidade de processamento de informações através do ato de Pensar.
Pensar é formar idéias na mente, é imaginar, considerar ou descobrir. O Filósofo René Descartes disse:
“Com a palavra Pensar entendo tudo o que sucede em nós, de tal modo que o percebemos imediatamente por nós mesmos: portanto, não só entender, querer, imaginar, e sim também sentir é o mesmo que Pensar”.
Pensar estabelece relações, as conceitua e encontra um significado para elas.
Formar relações entre vários conceitos é julgar. Estabelecer o significado de vários conceitos é raciocinar. Assim o ato de Pensar implica três funções básicas: Conceituar, Julgar e Raciocinar.
O pensador mexicano Antônio Caso dizia:
"Liberdade é pensamento. Pensamento é liberdade. Na essência do pensar está a autonomia."
Partindo dessa última definição de que na essência do Pensar está a autonomia, na Maçonaria o ato de pensar está diretamente ligado ao postulado da Liberdade.
Liberdade para desenvolver seus conceitos a partir dos ensinamentos recebidos, porque somos livres e autônomos para falar e assumir posições, sem afastar-nos da Filosofia Maçônica e de seus princípios.
Filosoficamente, a Maçonaria mostra ao homem-maçom que ele tem um compromisso consigo mesmo, com o seu Pensar, o que fazer de sua própria existência.
Pois, quando o homem prescinde de si mesmo, de seus deveres, quando o homem abre mão da sua liberdade, da quantificação do seu Eu, quando o homem esquece de si próprio, está a negar-se como Ser.
Como a intenção desta prancha não é a de aprofundar a busca filosófica da Arte Real, vamos ao objetivo do Pensar e o conhecer-se na Maçonaria, especialmente ao Primeiro Grau.
O Primeiro Grau se estereotipa no “conhece-te a ti mesmo”, divisa escolhida por Sócrates.
O grande pensador ensina ao Maçom-Aprendiz que a primeira coisa a fazer é aprender a Pensar. Aprendendo a Pensar aprende-se a conhecer, a discernir, a falar.
Aprendendo a pensar encontraremos, sem dúvida, meios e modos que facilitam a busca, a procura, a investigação, o ponto de chegada.
Assim, nesse vai-e-vem do Pensar, nesse vai-e-vem da busca, o Aprendiz, introspectivamente, passará a conhecer-se melhor.
Conhecer é descobrir o Ser. Assim para o Aprendiz, o descobrimento do Ser é o auto conhecimento e deve levá-lo à introspecção, à análise da sua forma de vida antes da Iniciação.
Estabelecendo a partir de então os limites entre o profano e o iniciado, corrigindo as eventuais falhas de construção de seu edifício, passando a Pensar e agir dentro dos limites estabelecidos, que pode significar simbolicamente o nascimento do novo Ser.
O Maçom estará pronto para a busca dos conhecimentos da Ordem a partir do Auto Conhecimento e da “Morte” dos resquícios contrários à Filosofia Maçônica inerentes ao profano.
“Conhece-te a ti mesmo” nos leva à conclusão de que se não praticarmos o conhecimento de nós mesmos, se não nos propusermos a esmiuçar o nosso espírito com o objetivo de melhorá-lo, com a intenção de aperfeiçoar nosso intelecto, não projetaremos em nós uma melhoria moral, não conseguiremos desbastar a Pedra Bruta.
O Primeiro Grau é onde utilizamos com maior propriedade os sentidos da Visão e da Audição. Com eles desenvolvemos o Pensar, estabelecemos relações e comparações que formarão os alicerces do desenvolvimento e nos ajudarão nos passos seguintes da caminhada.
Lembrando que todos iniciam na Ordem no Primeiro grau, e cada um tem seu momento de despertar, porque não existe prazo determinado para o seguimento da jornada.
O que deve acontecer é a maturação do iniciado, uma etapa de cada vez, um degrau após o outro, e mesmo assim sem jamais deixar de ser Aprendiz, sem jamais deixar de utilizar os sentidos da visão e da audição com Sabedoria.
Cada degrau da escada de Jacob inexiste sozinho, ele sempre será o resultado do somatório do conhecimento adquirido nos Degraus Anteriores.
Pratique o Pensar para conhecer-se, para então buscar o diferencial, a formatação do novo Eu através do conhecimento, para a transformação, para o renascimento, para a prática da verdadeira maçonaria.
A intenção desta prancha é a de incentivar os Irmãos para o Pensar, o conhecer-se, que é em minha opinião a primeira grande Instrução do Grau, para então desbravar, investigar a verdade através da leitura, da interpretação dos símbolos e alegorias, e da troca de experiências com os outros Irmãos.
O Pensar, nos traz a reflexão,onde através de perguntas sobre a capacidade e a finalidade humana quem movem o mundo. São perguntas que nos faz aproximar dos conhecimentos maçônicos.
São perguntas e não respostas que nos faz evoluir. O exercício do Pensar te faz diferente, te faz Novo!
Por isso, na faça de sua vida maçônica, um conjunto de respostas, faça-a de perguntas. Só assim o seu Templo Interior terá paredes Retas, Belas e Justas.
Portanto...Pense...Reflita...Pergunte...Evolua, pois desistir da Maçonaria é desistir de si próprio.
Autor:
M.'.M.'.Ir.'. – Gilson Alves
Instrução apresentada em Sessão Grau 1 – 25 de maio de 2006. A .’. R.’. L.’. S.’.
Plácido de Castro, Brasil.
Adaptação e Relator:
M.'.M.'.Ir.'. – Ladisney Antonio Assaiante
Referência Bibliográfica:
- Matthew Lipman – O Pensar na Educação;
- Raimundo Rodrigues de Albuquerque – Texto
- Raimundo Acreano Rodrigues –
- Pré _ Socráticos , Col. “Os Pensadores”, vol. 1, seleção de textos e supervisão do prof. Dr. José Cavalcante de Souza, São Paulo, Abril Cultural, 1978.
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