quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O MAÇOM CONVERTIDO E O MAÇOM CONVENCIDO

O MAÇOM CONVERTIDO E O MAÇOM CONVENCIDO
Autor: Ir.'. Olavo Antônio de Figueiredo Filho

Antes de entrarmos no tema, é imperioso que abordemos alguns aspectos em consideração à Maçonaria.
Uma Instituição, dentre as organizações terrenas, a mais completa, complexa, perfeita e justa. Nenhuma outra organização possui igual estrutura humana, onde homens de todas as raças e etnias, crenças e credos, profissões e artes, são estimulados, dentro dessa diversidade mágica e divina, a buscarem, consubstanciados em Princípios Sagrados,  a evolução da Humanidade.

No entanto, em função de necessidades criadas por mentes vazias de alguns “homens, travestidos de Maçom”, ou, ao que nos parece, MAÇOM CONVENCIDO, nossa Excelsa Ordem vem perdendo de vista a sua realidade, a sua unidade universal, as suas raízes e origens.

O que estamos fazendo com os nossos valores?

A nossa passagem pela vida e no Seio da Maçonaria deveria estar ligada a todas as energias que caracterizam a presença e a Glória do Criador. Precisamos chegar à consciência, ao potencial universal e divino, que cada um, como filho de Deus (GADU), herdou para conviver, elevando-se e evoluindo dentro dos SÃOS PRINCIPIOS que regem a vida maçônica, em todos os sentidos. 
Como um atestado às assertivas iniciais, enumeramos algumas evidências que, paulatinamente, vêm invadindo o seio maçônico:

- Profanação da Iniciação com candidatos sem perfil, satisfazendo vaidades pessoais e, com isso, trazendo para o seio da Instituição indivíduos tão somente voltados para o atendimento de suas necessidades pessoais;

- Banalização da ritualística, em atendimento àqueles que, desprovidos de senso crítico e maçônico, acham que mudar e inventar futilidades são sinônimos de modernizar e inovar; 

- A omissão e a falta de posicionamento social e político está levando a nossa Ordem para o ostracismo, para os desvios de conduta, para a impunidade e valorização das recompensas ilícitas;

- O descumprimento do Juramento Sagrado, desvios de conduta e de proceder maçônicos, considerados graves delitos, denotando total desrespeito aos Sacrossantos Postulados da 
Maçonaria. Convivemos com enganos sem fim! 

Sabemos “quem somos”? Sabemos como vivemos? No que realmente acreditamos?

Os problemas essenciais da existência e da realização humanas não respeitam fronteiras acadêmicas e convenções catalográficas. O saber especializado avança, o mistério e a perplexidade se adensam. Eliminar falsas respostas é mais fácil do que enfrentar as verdadeiras questões.

O que afinal sabemos sobre nós mesmos?

A racionalidade orienta, mas não move; a ciência ilumina, mas não sacia; o progresso tecnológico acelera o tempo e abre o leque, mas não delibera rumos, nem escolhe fins. O universo subjetivo no qual vivemos imersos é tão real quanto o mundo objetivo no qual trabalhamos e agimos. “A relação mais íntima, traiçoeira e definidora de um ser humano é a que ele trava consigo mesmo”.
Nestes tempos modernos de Maçonaria, estamos encontrando uma grande leva de autoengano. Tão autoengano que está se desvirtuando de sua real finalidade: uma instituição que tem por fim tornar feliz a Humanidade.
O Autoengano está nos levando a um corporativismo ingênuo.

E como tornar feliz a humanidade, se o Maçom está se autoenganando?

Temos clara a noção em nosso meio e é propagado pelas LIDERANÇAS que somos HOMENS diferenciados na sociedade. Só que estamos fazendo o que os homens comuns fazem para se manter em pé, nessa luta pela sobrevivência.
Talvez, complacente nos deslizes éticos e sociais; 
Talvez, conivente com as mazelas morais;
Talvez, tentando se esconder na própria Instituição.
Não estamos sendo e conseguindo ser, aquilo que em TEMPLO falamos.

Queremos ser Líderes, sem exemplo?

Que Construtores Sociais e Líderes estão se formando?

Que Mestres, que Líderes são esses, sempre reativos às críticas?

Muita vaidade ou não compreensão de sua missão?

Pouca HUMILDADE por não saberem seu tamanho?

Que Líderes são esses que não sonham, não motivam e só dão ordens?

O que vamos levar para o Oriente Eterno?/ Medalhas ou Boas Ações?/

Que Mestres, que Líderes são esses que preferem as efemérides à solução das causas de nossa pequenez social?

Não posso acreditar que sentimos satisfação com as medalhas e não com o conhecimento!
Convivemos com muitos que se dizem Maçons, mas, na realidade, são os tais MAÇONS CONVENCIDOS. Grandes no convencimento, grandes no AUTOENGANO, deixando transparecer, na sua ignorância e insipiência, sua pequenez e a falta de comprometimento, tanto social quanto maçônico. No autoengano se acham grandes, mas na realidade são pequenos, ínfimos, tacanhos, desinteressados e sem espírito colaborador; são mestres na crítica indevida, pseudossábios, que tentam ENGANAR os tolos que comungam com suas ações.
Resta, pois, aos verdadeiros Iniciados, os MAÇONS CONVERTIDOS, a urgente revisão dos conceitos e corrigir os rumos, a fim de evitarmos o CAOS.

Maçonaria é vida! 

Sua filosofia induz ao iniciado vivenciar os ditames da LIBERDADE, da IGUALDADE e da FRATERNIDADE. No entanto, para que seja vivida, praticada e sentida, é necessário que a conheçamos; só poderemos entendê-la se nos dedicarmos ao estudo e à sua prática com amor; é necessário cultuar a humildade, despindo-nos da VAIDADE, tão marcante nos MAÇONS CONVENCIDOS.

Quantos tolos tentam, na sua mediocridade, se passar por MAÇONS CONVERTIDOS! Seus semblantes não conseguem mascarar e traduzem o que realmente são. Não nos enganam…
Assim como os hábitos e as atitudes fortalecem e constroem as vidas, dos que realmente são LIMPOS e PUROS (MAÇONS CONVERTIDOS), dentro, ou fora da Maçonaria, mas, também, enfraquecem e destroem os PROFANOS DE AVENTAL (MAÇONS CONVENCIDOS) que tentam ludibriar a própria sombra.
Na Maçonaria, à medida que absorvemos seus ensinamentos, firmamos nossos passos em busca do aperfeiçoamento. Ler muito, falar menos, ouvir mais, nos posiciona em esferas elevadas, em sintonia com o equilíbrio, com a racionalidade e, assim, dissipamos os obstáculos das materialidades primárias.

Poderíamos nos alongar traçando um paralelo entre ser MAÇOM CONVERTIDO e MAÇOM CONVENCIDO; discorrer sobre as tristezas que empanam a Sublime Arte Real, apontando mais características dos que ajudam a inchar a nossa Ordem, dando-lhe a falsa impressão de grandeza, mas, diante da breve exposição, deixamos à reflexão dos verdadeiros Iniciados (os convictos da causa que abraçaram), o melhor conceito para os MAÇONS CONVENCIDOS e os MAÇONS CONVERTIDOS, advindas de suas sábias conclusões. (...)

Aquele candidato (...) que não reunir condições de levar a Maçonaria para casa, temos convicção que o mesmo integrará o grupo de CONVENCIDOS, e qualquer pretenso candidato a irmão com este perfil, sinceramente, não merece estar entre nós. 
Precisamos dar um basta em elementos que querem a Maçonaria somente para usurpá-la. (...) 

*fim do trabalho.

Conclusão:

Sabemos que o papel do maçom é promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade e, todo conhecimento adquirido só tem sentido, se compartilhado. Age maçonicamente quem é consciente de seu papel como cidadão brasileiro e como cidadão do mundo, fazendo todo esforço para melhorar a existência, contribuindo para a Obra da Luz e levantando templos à Virtude. É um trabalho de construção. 
Nós, Maçons, somos construtores sociais e a nossa obra maior consiste na edificação das virtudes em nós mesmos. Nosso templo interior.

E por fim,se a Maçonaria é sagrada e o sagrado deve gerar o sagrado, algumas perguntas inundaram minha mente ao ler esse trabalho, onde eu também me coloco...

Será que temos a clara visão do que é realmente Maçonaria e, a noção do que é ser Maçom?

Se a visão externa é de dentro para fora, será que estamos nos reunindo em sessões, teorizando muito mais que agindo?/ 

Ou seja, será que agimos, ou, ao menos nos esforçamos para viver conforme nossos discursos dos ensinamentos maçônicos?/ 

Será que por pertencer a Ordem, pensamos estar seguros a tudo e a todos?/ 

E por fim, meus diletos irmãos. Será que realmente estamos “EM PÉ E A ORDEM”?/ 


_____________

Adaptação e Relator: 
Ir.'. Aprendiz – Ladisney Antonio Assaiante


Referência Bibliográfica: 

www.revistauniversomaconico.com.br.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

DIA 20 DE AGOSTO - DIA DO MAÇOM

DIA 20 DE AGOSTO - DIA DO MAÇOM


MAÇONARIA FOI, É E SEMPRE SERÁ UMA PROPOSTA..... 
SER MAÇOM É UMA OPÇÃO !!! 

Aliás...., tudo na vida é uma proposta e nós somos responsáveis pelas escolhas ou, opções. 

A maçonaria é a proposta, ser maçom é a opção. Porém, quando aderimos a esta proposta necessitamos sincronia entre o pensar, o dizer e o fazer. Ou seja, sendo a maçonaria uma proposta e o ser maçom uma opção, necessitamos estar atentos para colocar esta energia vibratória em ação através do estado de espírito interativo; interna e externamente, individual e coletivamente. É primaz que exista sincronismo e um imprescindível ajuste entre o conhecimento, a consciência e a vida que levamos. 

Soubemos que há dois tipos de pessoas : 
os que fazem; 
e os que explicam porque não fizeram. 
É da nossa ciência que um iniciado tem o dever de estar no primeiro grupo. Deve ser um cidadão de vanguarda, um formador de opinião, um ator, um protagonista ou, como denominamos :"um construtor social". 

Quando éramos criança, lá nos tempos de piá / guri, combinávamos que "trato é trato" !!! queríamos com isto (mesmo que ingênuos da amplitude) dizer que, se combinar tem que cumprir, pois isto é disciplina !!! 

Poderá algum incauto dizer : "Ah... mas os criminosos também têm disciplina, acordos e cumprem com o que dizem". 

Verdade !!! terá razão quem assim disser.... mas, ATENTEM BEM ao grande diferencial : 
uns estão no caminho do VICIO, outros buscam a evolução pelo conhecimento e prática das VIRTUDES. 
Nós maçons não podemos ter a soberba e nem nos jactarmos superiores. Mas não podemos (por dever juramentado) nos olvidar de cumprirmos com os compromissos feitos e que nos levaram vitoriosos do porfiado combate entre o "bem e o mal"; donde saímos vitoriosos e comprometidos com uma vida futura alicerçada nos "sãos princípios da moral e da razão". 

Tive o privilégio de ser iniciado muito jovem... fazem mais de 30 (trinta anos) que luto para que o mundo profano não influa sobre mim e que eu possa influir na sociedade... e na humanidade. 

Confesso, não é fácil !!! Vivemos numa sociedade de consumo e num mundo capitalista. Muitas vezes presenciamos o equivoco da humanidade entre o "ser" e o "ter". Diante deste ledo engano devemos nos socorrer da docência maçônica para nela buscarmos força. 
Já nos fora dito que de nós muitos "desafios nos seriam exigidos !!!" 

Nossa ordem tem um caráter eminentemente disciplinador da nossa consciência. Pela hierarquia (sinônimo de respeito mútuo) e pelo estudo (sinônimo de conhecimento), passamos a entender e praticar o "BEM DISCERNIR". 

Para bem discernir é primaz, primordial, que tenhamos uma bússola aferida. Nossa docência é como uma carta de navegação e nela estão apontados os objetivos que nos servem como um norte magnético a ser seguido individual e coletivamente. 

Quando entendemos o que é ser mestre de nós mesmos ; 
Quando identificamos, como iniciados, uma escala de valores da vida; 
Quando não nos iludimos com a fugaz fragilidade da matéria e identificamos a eternidade do espírito, 
Começamos a entender que o verdadeiro poder está dentro de nós mesmos. Entendemos, então, que liderar não é mandar, e sim comandar. Que liderar é uma arte de governar pela vontade do coletivo, e com motivação, para que todos se mantenham uníssonos em tal objetivo e a caminhada se realize ombro a ombro, lado a lado. Assim, tornamo-nos mestres de nós mesmos e sábios na convivência e em harmonia sem preterir os objetivos e desfrutando de novos horizontes. 

Quando tudo isto acontece, aflora naturalmente o entendimento de que não somos parte da natureza e, sim, a própria natureza. Compreendemos e passamos a conceber, sincronizados com o macro, a efemeridade da matéria e a eterna mudança da forma de manifestar da vida !!! E, assim, veremos que entre o chegar neste plano e o partir há um espaço de tempo muito exíguo que necessita que seja aproveitado em harmonia, pois não haverá tempo para arrependimentos. 

Sempre haverá espaço para sonhar... desde que nossos sonhos estejam consubstanciados no amor e na evolução do espírito; 
Sempre haverá espaço para realizar... desde que a obra tenha sido criada pela Sabedoria, alicerçada na Força e adornada pela Beleza do Grande Arquiteto ou o Criador Incriado 

... só não nos esqueçamos de que ninguém faz nada sozinho, nem mesmo a sua própria evolução, pois para tudo haverá a necessidade de convivermos com o habitat e contemplarmos nosso semelhante pois, pelo retorno dos nossos feitos, é que obteremos o justo salário de um obreiro da Arte Real. 

Sinceramente, e de "Irmão para Irmão", desejo que pensem nisto..... pois creio piamente que uma reflexão sobre o assunto ajudará em muito mantermos a harmonia entre opensar, o dizer e o fazer. 

Por derradeiro desejo que entendamos que : 
"O CONHECIMENTO ADQUIRIDO E NÃO PRATICADO É TAL E QUAL O AGRICULTOR QUE ARA A TERRA E NÃO SEMEIA".

Postado por Ir.'. Humberto Siqueira Cardeal
A Loja Maçônica Jamil Kauss

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Os Ensinamentos Maçônicos

OS ENSINAMENTOS MAÇÔNICOS 

Os ensinamentos maçônicos devem ser amplamente difundidos entre todos os Maçons e sua metodologia deve ser explicada previamente aos que pretendem ingressar na Ordem Maçônica.
O pretendente ao ingresso na Ordem deve estar convicto de que vai participar de uma sociedade voltada ao aprimoramento individual e que os demais participantes tem a mesma preocupação, o que não os inibe, ao contrário, prepara-os às atividades coletivas. O desconhecimento desse fundamental objetivo dos ensinamentos maçônicos poderá levar o pretendente, após o seu ingresso, ao defrontar-se com posturas pessoais discordantes das suas ou desiludir-se com o que pensou ser a Ordem, desligar-se intempestivamente.
A metodologia dos ensinamentos maçônicos é voltada ao aperfeiçoamento do indivíduo, trazendo a tona as suas qualidades latentes e aumentando a sua autoestima, tornando-o consciente da sua capacidade de amar o “próximo” como o “próximo é” e de, pela evangelização, levar-lhe a crença cristã.
O conteúdo dos ensinamentos maçônicos permite-nos afirmar que a Maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento exclusivamente individual. Este é o principal fundamento dos ensinamentos maçônicos.
No Grau de Aprendiz, que é o primeiro contato da Ordem com o recém-admitido, é apresentada toda a essência dos ensinamentos maçônicos.
Todos os autores maçônicos referem-se ao simbolismo da “pedra bruta” que deve ser desbastada e preparada para sua utilização na construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais fraterna. É comum ouvir do Maçom a expressão: “Estou trabalhando a minha “pedra bruta”, quando se refere aos seus estudos e práticas maçônicas. Dito dessa forma poderá dar margem ao entendimento de tratar-se de dois personagens distintos; o Aprendiz e a “pedra bruta”. Este entendimento é divergente do ensinamento maçônico, pois o Aprendiz é a “pedra bruta”. O Aprendiz é o objeto a ser desbastado.
A direção que se deve dar ao cinzel é a si.
Em nenhum momento, nos rituais maçônicos, há indicação que o cinzel deva ser voltado aos outros. Em si as pancadas no cinzel são dadas de acordo a sua sensibilidade; se nos outros, o agente não colocará no maço o mesmo peso que coloca quando desbasta a si mesmo, certamente seria mais pesado. Não é atitude maçônica direcionar o cinzel para corrigir imperfeições alheias.
Há diferença entre o aprendiz de pedreiro (maçom) operativo (que trabalhava nas atividades de construção) e o Aprendiz Maçom. Este não tem necessariamente atividade nas construções. A representação do aprendiz de pedreiro operativo é um jovem trabalhando para desbastar uma pedra bruta. Já, as esculturas e os desenhos clássicos representando um aprendiz das escolas de mistérios sempre mostram a figura de um homem esculpindo a si mesmo.
O Aprendiz Maçom, para esculpir a escultura do homem que deseja ser, terá que utilizar a matéria prima que recebeu por desígnio da Providência, potencializar os recursos disponíveis na Natureza e trabalhar com a Vontade representada pelo “maço e o cinzel” utilizados para aparar a arestas que escondem no interior de seu ser o homem perfeito ali contido.
Na Maçonaria, esta confusão entre o aprendiz operativo e o aprendiz admitido por processo de Iniciação pode ser observada em trechos das cerimônias de recepção do candidato. Em alguns rituais maçônicos, o Iniciando à Ordem, ao ser levado para executar a sua primeira lição no desbaste da “pedra bruta”, é orientado para dirigir corte do cinzel à pedra disforme que faz parte da decoração templo, em vez de direcioná-lo a si.
Este procedimento poderá induzi-lo, desde o seu primeiro aprendizado, a intuir que seu trabalho é desbastar o que vê a sua frente (o outro) e não o que está em si. Tendo a pedra bruta do templo como uma representação simbólica de seu estado naquele momento, o Iniciando deveria direcionar o cinzel sobre si e então trabalhar com o maço. A pedra bruta que se encontra na decoração do templo, bem como a pedra polida e prancheta, são as jóias fixas que devem estar presentes para o funcionamento da Loja.
Um Maçom é um Obreiro da Arte Real que está concluindo a Obra projetada pelo Grande Arquiteto do Universo, que é Deus. Essa obra é “ele”. Trata-se de uma transformação individual, resultado do seu esforço e da sua vontade pessoal. Esta obra só estará concluída quando ele transformar-se de “pedra bruta” em “pedra polida” e como tal for reconhecido pelos “outros” (os Irmãos, a sociedade, etc.). 
Não é ele que se avalia como pronto. São os outros que como tal o avaliam. As ferramentas simbólicas maçônicas são instrumentos de uso específico para o desenvolvimento pessoal. 
Dependendo de como cada Obreiro preparou-se e de acordo com o seu ajuste às necessidades dos projetos da comunidade, será reconhecido pelos outros como adequado àquele projeto. São os outros que avaliarão se a “pedra” poderá ser utilizada ou não nas obras a serem realizadas.
A “pedra” só estará pronta quando não houver necessidade do mínimo ajuste nas pedras vizinhas para o seu perfeito ajuste.
Se houver necessidade de interferir no polimento e características das outras contíguas para o seu ajuste, ela não está pronta. Permanecerá ao lado até que o trabalho de escultura seja refeito de modo que se ajuste às outras pedras, sem que estas precisem de reparos. Se o desbaste está incompleto, é apenas uma pedra no meio do caminho dos que precisarão fazer manobras para evitar que as suas asperezas e seus desajustes possam ameaçar o resultado da obra desejada. 
A “pedra” ainda bruta certamente ficara em um canto qualquer da sociedade, causando-lhe instabilidade e desarmonia.
O maçom não propõe que os outros mudem para que ele seja feliz, procura mudar o possível em si para que todos sejam felizes. Esta é a essência do ensinamento maçônico.
Está subentendido nos ensinamentos maçônicos a máxima: “O que eu devo mudar em mim para que ele (o próximo) seja feliz”, independente de se o outro é bom ou mau; réu ou julgador. Ser viciado ou virtuoso é uma escolha pessoal de cada um, que ao Maçom não compete julgar ou tomar atitudes para obrigá-lo a proceder de acordo com os valores, sempre pessoais, que crê serem os corretos. 
Pela lei da “causa e efeito” cada um é responsável por suas ações e pensamentos. Maçonicamente cada um é responsável pessoal e único pela sua evolução. 
Os ensinamentos maçônicos oferecerão a oportunidade de correção. Quando concluída será reconhecida como tal pelos outros. Nesta ideia está embutido o conceito de amor universal. O amor fraterno dará aos seus Irmãos maçons a tolerância para aceitarem as tentativas de uma “pedra” ainda bruta para ajustar-se à obra, orientando-a se assim ela desejar, para o seu perfeito desbaste e ajuste. 
Se as imperfeições permanecerem, a “pedra” não será utilizada, mas sempre lhe será fraternalmente oferecida nova oportunidade de reajuste.
A não ser quando em cumprimento de atividade e funções especificamente instituídas na legislação da Ordem ou da comunidade que pertence, o Maçom não julga e não critica posturas pessoais de outrem. Se solicitado, fará ponderações sobre o solicitante, jamais sobre terceiros. Não é uma atitude maçônica interferir na postura pessoal dos outros, achando que estes devem ou não fazer isto ou aquilo. 
A cada um cabe reconhecer os que estão em condições de compartilhar projetos comuns e convidá-los.
O Maçom deve formar-se para depois colocar-se ao serviço da comunidade. 
Aprender e praticar. O desconhecimento dos ensinamentos maçônicos dificulta o relacionamento dos maçons entre si e dos maçons com a Ordem. Quanto menor é o preparo individual, maior será a dificuldade na participação das atividades da Ordem e mesmo fora dela.
Cada Maçom tem a sua individualidade respeitada: sua cultura, seus pontos de vista políticos, suas convicções religiosas e suas características psíquicas. Todo maçom é um homem livre, ciente da capacidade de realizações, um cidadão bem sucedido e respeitado por suas atividades profissionais e sociais que o levam a ser convidado a ingressar na Ordem.
O maçom é um voluntário.
Não é obrigado a fazer qualquer coisa que seja. Ingressou na Ordem por livre vontade e com isso assumiu uma responsabilidade financeira como em qualquer organização, sendo livre para sair a qualquer momento; até que caracterize abandono, frequenta a Loja com a assiduidade que deseja; estuda se quiser; atinge os graus mais elevados se assim o desejar; ocupa cargos que aceitou por que quis: é eleito por que se candidatou; pode mudar de Loja se assim julgar conveniente; nem as contribuições para benemerência são obrigatórias se não aprovadas em assembléias de que participa.
Centralizados no aperfeiçoamento individual, os ensinamentos maçônicos preparam o estudante para o convívio entre diferentes num conjunto harmônico; prepara para a tolerância com os contrários; para o respeito pelas convicções individuais e para a convivência entre atitudes divergentes.
Desbastado de suas imperfeições, o Maçom está pronto para servir à sua comunidade, oferecendo-se quando solicitado ou apresentando sugestões para as mudanças que julgar necessárias para o bem estar e a harmonia da Ordem e ou da comunidade. Como sugestões são opiniões pessoais devem ser tratadas como tal. Se traduzirem as aspirações dos envolvidos, a concretização terá o consenso espontâneo da maioria dos indivíduos e aquele que a propôs certamente será convocado para liderar a sua implantação. 
Nas sociedades constituídas por voluntários, são os operosos que a fazem atingir os seus objetivos. São raros os casos das organizações que conseguem uma participação efetiva da maioria de seus membros. Geralmente os resultados obtidos são decorrentes de atividades isoladas de membros dedicados. São sempre os mesmos que participam de quase todas as atividades. A comunidade está habituada a conviver e a reconhecer a dedicação daqueles que sempre participam.
É próprio da tradição maçônica o reconhecimento pelos Irmãos. Este é o salário do Obreiro da Arte Real: o reconhecimento. Não há outro salário na Maçonaria. Para o Maçom é gratificante a satisfação da missão cumprida e de ser reconhecido por isso.

Conclusão:

A Maçonaria é o conjunto das ações de seus membros. É o somatório do que cada um dos seus membros é sem representá-los individualmente.
Esqueçamos nossas desavenças, nossas dificuldades, passemos ao entendimento mútuo, e nos irmanemos em torno do bem e da tolerância.

____________

Referência:

www.revistauniversomaconico.com.br

Autor: Ir∴ Edison Basanti - 33° M∴I∴

Relator: Ir∴ Ladisney Antonio Assaiante

quarta-feira, 23 de julho de 2014

A EGRÉGORA MAÇÔNICA

A utilização do termo Egrégora pode gerar aos pesquisadores diferentes compreensões, mas afinal o que significa Egrégora?

Algumas definições são bastante enfáticas: “palavra que se tornou popular entre os espiritualistas, significa aura de um local onde há reuniões de grupo, e também a aura de um grupo de trabalho”. Uma definição um pouco mais clássica: “Egrégora provém do grego egregoroi e designa a força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas. Ao se reunirem, os seres formam, pela união de sua vontade, um ser coletivo novo chamado Egrégora . Assim , quanto mais poderoso for o indivíduo , mais força estará emprestando à Egrégora para que ela incorpore às dos demais ” .

Para o famoso cientista da psicanálise Carl Jung, podemos ter percepções intuitivas por meio da exploração do inconsciente coletivo. Para o célebre psicanalista o inconsciente pessoal descansa sobre  um outro mais profundo extrato , que não se origina nem da experiência, nem de uma aquisição pessoal, mas í inato no ser humano: o chamado consciente coletivo. A Egrégora pode ser definida como uma energia resultante da união ou soma de várias energias individuais. Ela é formada pelo afluxo dos desejos e aspirações individuais dos membros daquele grupo.

No Apocalipse, João faz os Anjos responsáveis pelas nações intervirem, porque somos responsáveis pelos erros coletivos cometidos. Ninguém pode lavar as mãos, como fez Pilatos: guerras, fomes, massacres diminuem nossa liberdade, porque participamos da egrégora da terra; da mesma forma que os genes de nossa hereditariedade marcam a história de nosso corpo. Segundo a Bíblia, cidades inteiras foram punidas por causa de sua egrégora envenenada.

Da mesma forma, cada grupamento filosófico – templo/Loja – tem a sua egrégora qua nada mais é que sua alma coletiva, resultante do somatório das energias anímicas de cada um dos membros que se põem em harmonia no êxtase do amor fraterno. Esse somatório anímico é u ma poderosa central de energia magnética capaz de interferir e gerar uma série de fenômenos. Nessa egrégora os símbolos têm conteúdos transpessoais, isto é, seus significados são comuns à toda a comunidade.

Toda vivenciação transpessoal provinda da egrégora é pertubadora, pois solta em nós um a voz muito mais poderosa que a nossa. Ela fala por meio de símbolos primordiais como se tivesse mil vozes; comove, subjuga elevando o sentimento de fraqueza humana à esfera do contínuo devir, eleva o destino pessoal ao destino da humanidade, e com isso solta em nós todas aquelas forças benéficas que desde sempre possibilitaram à humanidade salvar-se de todos os perigos e também sobrevir à mais longa noite. Estes símbolos comuns a todo homem nunca puderam ser plenamente elucidados, neles há sempre um excedente de significação primitiva e de vida, possibilitando novos impulsos de criatividade. O sonho, a meditação, a intuição em ultima análise destes símbolos, nos proporciona vivenciá-los, perceber as emoções ligadas a eles e liberta-los passo a passo em nossa existência. Por esta razão é muito importante – bom e suave – que os iniciados vivam em união e concórdia – em irmandade – pois a convivência fraternal gera e matem a egrégora forte e saudável, capaz de rejeitar energias negativas e gerar um inefável saber. No caso das influências de energias negativas por disputas egoístas, por interesses próprios, pela discórdia e outros males, frutos da ignorância humana, a alma coletiva poderia adoecer e vir a se extinguir, o que poderia levar uma comunidade se extinguir.

Muitos de nós podem pressentir a “aura coletiva ” como uma energia armazenada que paira sobre os Irmãos reunidos em uma Loja. É como um a onda que flutua no ar e, sentir sua intensidade e sua harmonia é muito simples. Quando visitamos outra Loja, não é difícil para muitos mestres descrever com boa precisão como é o trabalho daquela determinada comunidade, como é o relacionamento entre aqueles Irmãos, ou se alguma coisa negativa está interferindo naquela Fraternidade, simplesmente através da percepção da egrégora. Por exemplo, por melhor que seja o conteúdo de um trabalho apresentado para estudo, quando a alma de uma comunidade fraterna está em desarmonia e enfraquecida, a exposição se torna fria e superficial e os ouvintes, quase sem atenção, pouco ou nada fruem do seu significado. É o que se chama de “ambiente frio”. Mas quando está presente a egrégora fortalecida e em plena luz, nota-se um ambiente de harmonia, de carinho e franca amizade. Então se um trabalho é apresentado, todos vão além no entendimento que ali foi exposto: Sentimos que quando o ambiente está equilibrado, ou o que significa dizer, que a egrégora está forte e pura, surgem como que canais de entendimentos superiores que se ligam às nossas mentes e nos inspiram sorver maravilhosos conhecimentos de uma fonte incomensurável de sabedoria. È como se as antenas de nossas mentes sintonizassem as ondas de uma nova estação de rádio cósmica. Algo maravilhoso se faz naquele momento e como que nos enchemos de um novo saber somente aprendido sob essas condições.

Assim, a egrégora é a alma coletiva evocando um poder invisível, porém eficaz e plenamente sentido pelos integrantes de um corpo de estudo. È um princípio de vida e um misterioso centro energético que se manifesta através da intuição e está à disposição dos verdadeiros iniciados. Captar a egrégora é captar o verdadeiro poder da fraternidade humana e por isso o desejo das sublimes instituições ecléticas e universalistas em ver todos os homens vivendo como irmãos confluenciando para uma só e divina egrégora terrena. Se analisarmos sob vários aspectos, veremos que uma corporação iniciática é uma das congregações humanas mais bem preparadaspara atingir a geração da egrégora, na busca incessante da sabedoria.

Se a egrégora é a somatória de energias, não há limites para que nível de freqüência seja a sua fonte criadora, assim podem existir em potencialidades egrégoras com freqüências elevadas e egrégoras com freqüência vibratórias menos elevadas ou se preferirem “negativas”. A existência de diferentes freqüências reforça a antiga lei da dualidade entre o positivo e o negativo, ou ainda entre o claro e o escuro e o bem e o mal. Em ultima análise o bem eo mal competem para o equilíbrio das forças. Aliás, o equilíbrio é o objetivo e não o caminho entre os extremos. Talvez a pergunta mais enfática seja: qual é exatamente a fonte geradora desta energia potencial que anima e mantém uma egrégora ? Como fisicamente isto ocorre? Como as energias vibram em ressonância? A resposta talvez esteja na constância, na geração uniforme e linear da mesma e única energia. Como isto pode acontecer? Possa aí estar depositada a tradição do ritual e das cerimônias maçônicas nos diferentes ritos. Tal qual um gerador ou dínamo, a permanência do eixo girando sempre no mesmo sentido, velocidade e harmonia é garantia da geração da energia elétrica que é o seu resultado. O trabalho maçônico regular, constante, harmônico somado aos interesses superiores de seus praticantes é a fonte geradora de um nível vibratório elevado, alimentador constante de uma egrégora capaz de gerar paz, evolução espiritual e conhecimento aos que dela usufruem. È por isso que precisamos controlar nossos desejos a fim de que eles não pesem sobre nós, acorrentando-nos, imprimindo à nossa aura cores diferentes. A meditação e a prece do iniciado regeneram-no, permitindo-lhe emitir idéias sadias e tranqüilizantes. Na verdade somente o amor ao bem e à verdade, somente nossa ação e nosso coração nos conduzirão à família espiritual que nos corresponde, segundo a densidade de nosso espírito.

Todo o esforço da vida iniciatica tem por meta utilizar, da melhor maneira possível, nossa vida, nossos ímpetos, nosso amor, para equilibrá-los e fazer deles uma base sólida num esforço de continuidade e de ascensão. Se nós Maçons desejamos um dia uma humanidade fraterna, certamente devemos primeiro ser os combatentes fervorosos do bem sobre o mal, das virtudes sobre os vícios, da riqueza espiritual sobre a mediocridade material. Se isto não é possível em cada segundo de nossa vida, uma vez que estamos invariavelmente imersos num mundo globalizado e repleto de necessidades sociais, que o seja pelo menos em espírito, na vontade, aqui, em nosso Templo.

TRABALHO APRESENTADO PELO IRMÃO MARCO AURÉLIO ABRAHÃO

segunda-feira, 26 de maio de 2014

domingo, 25 de maio de 2014

CARTA ABERTA AOS MAÇONS BRASILEIROS MAÇONARIA, LIBERDADE E RETROCESSO

Prof. Dr. Carlos A. P. Campani M.’.I.’.

Não pretendia escrever um texto que cobrisse temas que envolvessem política e Maçonaria. No entanto, os fatos recentes me obrigaram a escrever algo, sob pena de, calando-me, parecer que concordo com tais fatos. Recentemente houve ampla repercussão de carta aberta escrita por alto dignitário de Potência maçônica, cuja autoria, como muito do lixo que circula pelo Facebook atribuindo tal e qual frase a tal e qual pessoa, sem que o compartilhador tenha o mínimo de trabalho de verificar a fonte e a veracidade da informação, até o momento carece de confirmação. Assim, não farei atribuição deste texto ao suposto autor, preferindo analisar sua repercussão. Mesmo que eu não tenha conseguido confirmar a autoria do texto, o compartilhamento dele por alguns maçons, prova que no seio da Maçonaria há acolhida a tais pleitos, que na sequência irei mencionar e criticar.


Outro fato que me motivou a escrita deste texto foi a Marcha da Família 2, que tentou reeditar a famigerada Marcha ocorrida em 1964 e que foi um dos fatores para um longo período de trevas na história de nosso país. Neste caso, repercutiu de forma muito forte na imprensa, e negativa para a Maçonaria, a presença de meia dúzia de pessoas fardando o avental maçônico, misturados a skinheads neonazistas, loucos, velhos militares saudosos das práticas antidemocráticas do passado e outras figuras patéticas que desejam um retrocesso político e o fim da democracia em nosso país.


Em primeiro lugar, devo deixar claro que as opiniões e ideias que serão expressas neste texto são de minha autoria, não refletindo quaisquer ideias de grupo ou facção, Loja ou Potência maçônica. O argumento que será apresentado baseia-se em uma análise de conjuntura que, sendo longa e detalhada, infelizmente resulta que o argumento não pode ser completamente explicado neste texto que tentei manter curto e conciso. O texto é uma pequena contribuição à discussão associada à uma Organização aberta e adogmática, que deve e merece ser representada por todas as concepções existentes sem preconceito.


Sem tentar entrar muito demasiadamente em definições formais, a política caracteriza-se por dois aspectos: a busca do convívio harmonioso entre os homens, como definido pela filosofia clássica; a disputa pelo poder, como definido por Maquiavel. Entre estas duas definições, parece-me que a primeira atende mais propriamente ao que a Maçonaria deveria discutir e realizar. A Maçonaria busca as “verdades absolutas”. Ao proclamar a busca pela Verdade, a Maçonaria quer dizer a busca pela Verdade Ideal, cuja realização é espiritual. Porém, o campo da ética e da política trata da verdade contingente, cuja verificação passa por processo de significação, caracterizando-se por ser relativo e local. Cabe-me alertar que, tratando-se tal definição de “verdade” de forma doutrinária, facilmente rompem-se os limites que separam racionalidade de dogma.


Necessário é fazer-se uma breve discussão sobre a posição política que a Maçonaria segue e aos maçons impõe-se, à luz das landmarks e leis maçônicas. Neste caso, devemos entender que duas linhas claramente diferentes aparecem: a anglo-saxonica; e a francesa. Na primeira, são proibidos pronunciamentos e discussões de caráter político de qualquer natureza no seio da Ordem, como se pode apreender no que diz a Constituição de Anderson: “Portanto, quaisquer pendências ou querelas acerca de religião, cidadania ou política não devem ser conduzidas para dentro das portas das Lojas”; o que é interpretado pela Maçonaria anglo-saxonica como proibição total de discusões sobre política, mesmo que desprovidas de caráter partidário. Já a tradição francesa, que vicejou na Maçonaria latino-americana, proibe apenas o proselitismo partidário, permitindo ao maçom a luta contra o absolutismo religioso e o extremismo político, assim como a defesa dos interesses da comunidade.


Mas, visto nesta perspectiva, fatos como os citados no início deste texto, opiniões amplamente compartilhadas por maçons de todo o Brasil, claramente entram no cavernoso e incerto campo da doutrina partidária e do desconforto com este ou aquele grupo político que esteja no poder. Mais que isso, ditos e feitos, da forma como foram e, mais importante que isso, às vésperas de aniversário de golpe militar, só pode ser entendido como uma afronta direta aos mais básicos princípios da Maçonaria francesa, quais sejam, liberdade e justiça. O momento escolhido para veicular certas afirmações foi uma infeliz escolha, que só pode associar nossa Ordem com eventos de infeliz lembrança. Cabe a todo maçom, imbuido dos verdadeiros ideais de liberdade e justiça refutar e rechaçar de forma inquestionável posições que defendem retrocessos políticos e que enamoram-se por ideologias autoritárias e reacionárias.


Na história da Maçonaria aparece de forma clara a luta pelo avanço social e político: a defesa do ensino público e laico, luta em que maçons e socialistas estavam juntos;  a luta pela democracia, a liberdade e contra todas as oligarquias; etc. Uma das mais emblemáticas destas lutas, a luta contra a tirania monárquica e pela república, “res pública”, a “coisa de todos”, já demonstrava em que lado a Maçonaria estava. Destaca-se, neste contexto histórico, o grande maçom, socialista e heroi de dois mundos, Giuseppe Garibaldi, cuja luta revolucionária sempre esteve ao lado da liberdade e da libertaçao dos povos de todas as tiranias, sendo um exemplo pessoal a ser lembrado por todos os maçons.


Importante lembrar que a Maçonaria, por ser adogmática e aberta, assumiu diferentes posturas políticas e ideológicas ao longo de sua rica história, envolvendo-se nos mais variados eventos históricos. A despeito destas variadas posturas, a Maçonaria sempre teve como norteador uma concepção avançada de estrutura social, libertária em muitos sentidos, e contrária a tiranias de todos os tipos.


No entanto, numa espécie de nova interpretação míope da conjuntura, alguns maçons passam a defender uma nova visão de tirania, na qual aparece como definidora do que é “liberdade” e “tirania”, não argumentos e bases filosóficas e racionais que devem nortear esta definição em nossa Ordem, mas meias verdades, mentiras completas, fofocas infundadas, cuja origem encontra-se nas piores oligarquias deste país e cujo meio de transmissão é a grande mídia que, abandonando as mais básicas regras éticas do jornalismo, usa o espaço público concedido para a calúnia, difamação e defesa destas mesmas oligarquias que lhe financia. Torna-se não mais uma crítica política racional, mas uma luta político-partidária fundamentada em bases pouco éticas, cuja corrente de transmissão, a grande mídia, caracteriza-se por um monopolio da informação sem paralelo no mundo. Esta situação e conjuntura deveria ser clara a todos os maçons, dado que dedicam-se a reflexão e estudo de forma sistemática, mas vejo entristecido que alguns maçons, ou desconhecem, ou entregam-se a interpretações levianas.


Fiquei negativamente impressionado como muitos, preocupados com a “ameaça vermelha” e a “cubanização” de nosso país, enveredam por difamar Cuba e rotular o povo cubano levianamente. Logo Cuba, o país com maior número de Lojas maçônicas e maçons per capita do mundo! Junto a isso vicejam incríveis interpretações sobre a existência de uma “ditadura” no Brasil, quando, na verdade, vivemos em um país com um governo legalmente eleito! Se não bastasse isso, muito pior, muitos calam-se perante os esforços feitos pelos opressores de sempre por um retrocesso político! Percebe-se que a luta pelos direitos humanos, feita por brava militância, sob forte pressão contrária e ameaças variadas do “establishment”, acaba sendo pouco valorizada e mesmo criticada, como fui testemunha em diversos momentos.


Particularmente sou crítico do estado atual das coisas, mas possuo suficiente capacidade para entender a diferença fundamental entre poder e governo, não atrevo-me a defender de forma leviana um retrocesso pelo simples prazer de ver as coisas mudarem. No entanto muitos o fazem…


O discurso geral que é apresentado pelos que defendem estas posições parece inicialmente palatável, destacando-se uma genérica luta contra a corrupção no país e os demandos do governo. Correto no geral, mas errando nos detalhes, tais posições não são claras quanto à sua oposição a outras experiências corruptas e degeneradas, que lutam, na cauda destes movimentos reacionários, para retomar o poder, num desejo de avanço na contra-mão da história, sem que o objetivo, que compartilho, de limpar a política nacional tenha alguma possibilidade de ser atingido por esta via. Na verdade, rotula-se os movimentos sociais e de rua como movimentos “comunistas”, “terroristas”, “milicianos”, ocultando-se o seu significado democrático e em defesa de causas populares. Os movimentos de rua, nestes dias, estão na luta por democracia e contra a corrupção de uma forma muito mais propositiva e coerente que as genéricas críticas feitas por alguns contra este ou aquele governo. Estrategicamente, posições deste tipo, de críticas genéricas sem luta, são inúteis, a não ser por, como afirmei desde o início, apoiar aberta ou, pior, silenciosamente, golpismos os mais variados contra nossa democracia.


Como humilde apoiador dos movimentos políticos militantes e de direitos humanos que lutam por avanços na nossa sociedade, não posso calar-me e deixar de defender esta militância política e enaltecer os esforços destes companheiros que lutam por uma sociedade melhor e mais justa.


Todos sabem que a Maçonaria outrora teve imensa influência e poder. No entanto, hoje ela encontra-se enfraquecida, num momento histórico em que ela nunca teve tão pouca influência no mundo. Esforços deveriam ser feitos para reerguer a Maçonaria e sua influência, mas, prosseguindo em defender posições reacionárias e retrocessos, só poderá aumentar seu afastamento da sociedade e diminuir sua importância e influência. Não posso deixar de fazer um apelo aos maçons para que retomem militância pela liberdade e justiça, mas jamais contra elas, buscando um futuro melhor e mais brilhante para nossa Augusta Ordem.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O Ópio do Povo


O Ópio do Povo

Economistas mostram que o futebol faz o torcedor esquecer os altos impostos
 “A religião é o ópio do povo”, cunhou Karl Marx em uma de suas máximas mais repetidas. No Brasil, a maior nação católica do mundo, trocou-se a devoção no altar pelo futebol. Na terra de Pelé, Garrincha e Ronaldinho Gaúcho, dá-se como certo que o futebol é o ópio do povo. Será? Sim, respondem dois economistas, torcedores do Cruzeiro de Belo Horizonte. Cláudio Shikida, professor do curso de Ciências Econômicas do IBMEC de Minas Gerais, e seu primo, Pery Francisco Assis Shikida, da Unioeste de Toledo, no Paraná, comprovam na ponta do lápis que o andor da economia tem relação direta com a alienação do povo que vai aos estádios. Assim: um aumento de 1% nos dias de servidão que o brasileiro tem com relação ao governo, transformada em pagamento de tributos, gera um crescimento de 1,16% no número de pagantes em partidas do Campeonato Brasileiro. “Servidão” é uma variável econômica difundida – ela traduz o número de dias dedicados ao pagamento de impostos ao Estado, em todas as suas esferas, municipal, estadual e federal. Hoje, no Brasil, com uma carga tributária na casa dos 40%, estima-se que 120 dias de nossas vidas sejam destinadas a deixar quites as contas com o fisco. Resumo da ópera, segundo o irreverente estudo dos Shikida: o governo conquista o silêncio dos cidadãos, apesar dos elevados impostos, porque o grito nos estádios faz a população aliviar-se diante da mordida do Leão. Não há grandes conspirações para que isso aconteça, mas assim é. “O povo brasileiro não desrespeita a lei, paga o que pedem que pague”, diz Pery. “Já que paga em dia, tenta se consolar com seu time de futebol”. Cláudio brinca: “É uma maneira ruim de encher os estádios”.
 Pode-se tratar essa constatação, do futebol como válvula de escape, por óbvia. A novidade é que, pela primeira vez há cálculos sérios, de econometria, tentando explicá-la. Os dois especialistas fazem um pouco como Steven Levitt, autor de Freakonomics, best-seller mundial. De temas aparentemente banais, do cotidiano, tentam extrair conclusões econômicas. Há, naturalmente, amplas brechas para discussão, e a própria dupla admite inaugurá-la: há outras dezenas de variáveis para encher os estádios, especialmente a influência das transmissões de TV, e esse aspecto não foi medido. Sem contar a dificuldade em colher dados. De qualquer modo, o estudo – ancorado em equações complexas – é um divertido olhar para um dos problemas cruciais do País, a exagerada tributação. “O futebol é como o panis et circenses dos romanos”, diz Cláudio, referindo-se ao termo cunhado pelo poeta Decimus Junius no século II para brincar com a atávica mania do Estado Romano, tributador que só ele, de calar os súditos com circo.
Para cada 1% a mais de tributos imposto pelo Estado brasileiro
Há 1,16% de aumento da presença de público nas partidas do Brasileirão
Fonte: IstoÉ Dinheiro

quarta-feira, 19 de março de 2014

A Maçonaria sem Mistério

A Maçonaria é a personagem principal de O Símbolo Perdido, o novo Best-seller do escritor americano Dan Brown. Em entrevista
ao Fantástico, ele contou que em seu O Código Da Vinci ele perguntou o que aconteceria se Jesus não fosse divino, mas apenas um profeta. Já em O Símbolo Perdido a questão é se o ser humano teria poderes divinos, uma ideia que segundo ele vem da Maçonaria.
Toda a trama, cheia de peripécias, perseguições e surpresas, se passa em um domingo à noite em Washington, a capital americana, uma cidade cheia de símbolos maçônicos. Alguns são bem evidentes, como o obelisco, símbolo da divindade, com uma pirâmide, que representa a evolução dos seres humanos. Ainfluência dos maçons se refletiu na criação da Biblioteca do Congresso americano, hoje a maior do mundo.
Um dos templos da Maçonaria na cidade, onde os murais mostram o fundador da nação com o avental de pedreiro dos maçons lançando a pedra fundamental do capitólio, é o prédio do Congresso Americano.
Dan Brown lembra que o símbolo mais sagrado da nação, que está nas notas de dólar, é a pirâmide da Maçonaria, encimada por um olho que simboliza a sabedoria. Segundo o escritor, a pirâmide incompleta, sem o vértice, é um símbolo de que o ser humano, e o país, nunca estão prontos, sempre podem se aperfeiçoar.
O escritor destaca que, ao contrário do que muitos acreditam, os Estados Unidos não foram fundados como uma nação cristã. Os fundadores eram Maçons que seguiam o deísmo, uma religião universal que usa os símbolos de todas as crenças, e acredita que todos os homens nascem iguais, com o direito à liberdade de culto.
Sobre o altar do templo maçom, estão os livros das principais religiões: não só a Bíblia cristã, como a Torá dos judeus, o Corão dos muçulmanos, e as escrituras de outras tradições. O salão do templo, na capital americana, é o cenário da cena final do livro de Dan Brown, e certamente será recriado com muito mais colorido quando o filme for feito, aumentando ainda mais a repercussão sobre os mistérios da Maçonaria.
O Pietre-Stones - Freemasons Magazine, um dos mais respeitáveis sites sobre a Maçonaria em todo o mundo, publicou um fac-símile de uma carta de Dan Brown onde ele justifica sua ausência na reunião para a qual foi convidado, a Sessão Bi-anual do “Ancient Accepted Scottish Rite” (equivalente ao REAA no Brasil), da Jurisdição Sul de Washington.
“06 de outubro de 2009 Aos Convidados da Jurisdição Sul. É uma grande honra para mim ser convidado a saudá-los mediante esta carta.
Esperava poder estar com vocês esta noite pessoalmente, porém o lançamento do meu livro “O símbolo perdido” me manteve longe de Washington.
Nas últimas semanas, como poderiam imaginar, me perguntaram várias vezes o que me atraiu tanto dos maçons como para fazer deles o ponto central do meu novo livro.
Minha resposta é sempre a mesma: ‘Em um mundo onde os homens batalham a propósito de qual definição de Deus é a mais acertada, não acho palavras para expressar adequadamente o profundo respeito e admiração que sinto por uma organização na qual homens de crenças diferentes são capazes de ‘partilhar o pão juntos’ num laço de fraternidade, amizade e camaradagem.’
Por favor, aceitem meus humildes agradecimentos pelo nobre exemplo que constituem para a Humanidade. 
É o meusincero desejo de que a comunidade maçônica reconheça O Símbolo Perdido como o que na realidade é: um intento honrado de explorar reverentemente a história e a beleza da Filosofia Maçônica.
Sinceramente,Dan Brown”.