terça-feira, 15 de setembro de 2015

ILUMINISMO NA MAÇONARIA

Diz à história que as dificuldades que Maçonaria Operativa passava, em meados do Século XVII, em especial na Inglaterra, estavam levando a Ordem à decadência.
Como medida de sobrevivência, os maçons operativos começaram a recrutar membros da intelectualidade, nobreza e de posses econômicas.

Consolidou-se, assim, no Século XVIII (1717-1724), a Franco-Maçonaria composta por cérebros que não faziam parte da Instituição do Artesanato, porém eram dotados de requisitos morais, intelectuais e econômicos, sendo aceitos pelos Irmãos Operativos que simbolizavam o passado maçônico.
Esses novos Irmãos foram chamados de “aceitos”. Estava, pois, implantado o departamento especulativo ao lado do outro operativo. Mas a unidade da Ordem foi preservada em todos os sentidos.

E com o ingresso desses irmãos “aceitos”, oriundos em grande parte do Iluminismo, a influência era mesmo de se esperar na Instituição, especialmente no âmbito especulativo, geomântico ou ainda teórico.

Não demorou muito e nasceram os Altos Graus, de 4 a 33, os Graus Filosóficos, sendo que para alguns especialistas o Grau 3 (Mestre-Maçonaria Azul ) foi criado em 1725, pouco depois da Constituição do Bispo Anglicano James Anderson de 17 de janeiro de 1723 que consolidou a Maçonaria Especulativa.

Os Landmarks, por sua vez, foram estudados, classificados e ordenados por diversos estudiosos maçônicos, até que em meados do Século XIX, Albert Galletin Mackey – 1807-1881, compilou-os, formando uma “Super Constituição Maçônica Universal”. 
É, sem dúvida, a codificação mais aceita pelas diversas Obediências com os 25 princípios imutáveis e inalteráveis.

A influência do Iluminismo na Maçonaria é evidente, principalmente, quando examinamos as matérias que versam sobre as prerrogativas do Grão-Mestrado.
Trata-se da Administração da Entidade que, em caso excepcional, pode o Grão-Mestrado autorizar a proposta e recepção de um candidato. Essa prerrogativa emana da experiência dos políticos de Iluminismo que ingressaram na Ordem, objetivando, em tempos conturbados, que a direção tenha instrumentos eficazes para debelar, ou pelo menos, minimizar as dificuldades momentâneas.

O princípio da Separação dos Poderes na Instituição Maçônica é cópia do modelo de Montesquieu, renomado iluminista. Criou esse sistema de Poderes do Estado, em Legislativo, Executivo e Judiciário, dentre outros diplomas das várias Potências, cada um com atribuições previstas em lei.

Mas de todas as influências iluministas na Ordem Maçônica, a que mais se destaca é seu Departamento Especulativo. Introduziu-se o estudo profundo filosófico, simbólico, esotérico, metafísico, espiritual e histórico, além de outros ramos do conhecimento humano. Principais iluministas maçons;

  • Voltaire (Paris, 21 de novembro de 1694 — Paris, 30 de maio de 1778), foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês, conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis e livre comércio. Ele defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica a intolerância religiosa.
  • Marquês de Pombal, (Lisboa, 13 de Maio de 1699 — Pombal, 8 de Maio de 1782) foi um nobre e estadista português. Foi secretário de Estado do Reino durante o reinado de D. José I (1750-1777), sendo considerado, ainda hoje, uma das figuras mais controversas e carismáticas da História Portuguesa. Iniciou várias reformas administrativas, econômicas e sociais em Portugal, afim de aproximar o país a realidade econômica dos paises europeus.
  • Montesquieu, senhor de La Brède ou barão de Montesquieu (castelo de La Brède, próximo a Bordéus, 18 de Janeiro de 1689 — Paris, 10 de Fevereiro de 1755), foi um político, filósofo e escritor francês. Ficou famoso pela sua Teoria da Separação dos Poderes, atualmente consagrada em muitas das modernas constituições internacionais. Ele defendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário. 
  • Diderot (Langres, 5 de Outubro de 1713 — Paris, 31 de Julho de 1784) foi um filósofo e escritor francês. Junto com Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), organizaram  Uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da época.
  • Benjamin Franklin (Boston, 17 de janeiro de 1706 — Filadélfia, 17 de abril de 1790) foi um jornalista, editor, autor, filantropo, abolicionista, funcionário público, cientista, diplomata, inventor e enxadrista americano. Foi um dos lideres da Revolução Americana.
  • Thomas Jefferson (Shadwell, 13 de abril de 1743 – Monticello, 4 de julho de 1826) foi o terceiro presidente dos Estados Unidos (1801-1809), e o principal autor da declaração de independência (1776). Participou também ativamente dos primeiros acontecimentos da Revolução Francesa e teve forte influência na Inconfidência Mineira e na Independência do Brasil.
  • * Cláudio Manuel da Costa (Vila do Ribeirão do Carmo, Minas Gerais, 5 de junho de 1729 — Ouro Preto, Vila Rica, 4 de julho de 1789) foi um jurista e poeta do Brasil Colônia. Participou da Inconfidência Mineira.
  • Tomás Antônio Gonzaga (Miragaia, Porto, 11 de agosto de 1744 — Ilha de Moçambique, 1810), foi um jurista, poeta e ativista político luso-brasileiro. Participou da Inconfidência Mineira. 
  • Sir Isaac Newton (Woolsthorpe-by-Colsterworth, 4 de janeiro de 1643 — Londres, 31 de março de 1727) foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo.
  • Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de 1712 — Ermenonville, 2 de Julho de 1778) foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo. Ele defendia a idéia de um estado democrático que garanta igualdade para todos.
  • Edward Gibbon (Putney, 27 de abril de 1737 — Londres, 16 de janeiro de 1794) foi um historiador inglês que expressou-se no espírito do iluminismo, autor de A História do Declínio e Queda do Império Romano. 


Iluministas se filiaram às Lojas Maçônicas como um lugar seguro e intelectualmente livre e neutro, apropriado para a discussão de suas idéias, principalmente no século XVIII quando os ideais libertários ainda sofriam sérias restrições por parte dos governos absolutistas na Europa continental e por isso certamente a Maçonaria teria contribuído para a difusão do Iluminismo e que este por sua vez também possa ter contribuído para a difusão das lojas maçônicas.

O lema, ou o símbolo, "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" se constitui de um grupo de palavras que exprime as aspirações da Maçonaria e que, se atingidas, levariam a um alto grau de aperfeiçoamento.
Podemos concluir que O Iluminismo foi de suma importância para a evolução da Maçonaria e continua sendo.

Que possamos aproveitar essas luzes e que cada um de nós, Maçons, possamos continuar sendo Iluministas, defendendo os nossos ideais, para fazer deste mundo, um mundo melhor para todos.

Penso, logo existo. (René Descartes)

Ir.'. Carlos Vitor de Faria Silva

Bibliografia
Barsa, Revista Universo Maçônico,
Wikipédia e Textos da Internet.

SOBERBA E A HUMILDADE




A humildade é a rainha de todas as virtudes e a gratidão é a princesa. Em contrapartida o mais infausto dos vícios é a soberba, superlativo da vaidade. 
A soberba se manifesta através da pretensão, do orgulho, e de uma suposta superioridade. Ela aflora pela altivez, a autoconfiança excessiva, e pela arrogância desmedida. 
É também um vício específico, embora possa ser encontrado em todos os outros vícios, leva o homem a desprezar os iguais e a desobedecer às leis, nada mais é que o desejo distorcido de grandeza em relação às pessoas, aos grupos sociais e religiosos, e às instituições. 

A xenofobia, o racismo, o etnocentrismo, a homofobia, o elitismo e o corporativismo, são comportamentos indicativos da soberba. A pessoa soberba não tolera ser contrariada, ela sabe tudo, ninguém faz melhor que ela, e quando aparece alguém disposto a fazer qualquer atribuição ou encargo que lhe faça “sombra” logo se transforma em seu adversário ou quiçá seu inimigo pertinaz. 
E o que é mais grave, para o soberbo “os fins justificam os meios”, ele tem a necessidade de se sentir indispensável e insubstituível, sem ele as coisas não caminham a contento. Caso isso aconteça o soberbo não medirá esforços, por meio de conspiração rasteira, para “eliminar”, desmoralizar, caluniar, injuriar e difamar o intruso que ousar cruzar seu espaço e age de modo inescrupuloso e ardil. 
Na verdade o soberbo se acha no direito de exigir um reconhecimento unânime que, na realidade, na maioria das vezes, não merece ou não tem. A pessoa com esse vício não suportar a dependência, menospreza os sentimentos das pessoas, se colocando sempre acima de todos como um "ser maior".

No trabalho surge a necessidade de aparecer, de ser notado, ignorando os padrões éticos e morais, vendo os outros colaboradores ou colegas com desprezo. Aqueles com tais características que ocupam cargos elevados ou intermediários se utilizam do seu poder para impor suas vontades, manipulando as pessoas com o intuito de conseguirem que tudo seja executado, indubitavelmente, conforme seus desejos. Exigem ainda uma disciplina sem falhas, não respeitando os limites da individualidade. Não percebem que a melhor maneira de incentivar o crescimento não é impondo caprichos, mas fazer com que cada um descubra em si seu melhor potencial, pungindo a independência. Precisa fazer com que o outro se sinta remitido para sentir-se superior. Não encontramos a soberba do poder apenas no meio político ou nos cargos de destaque da administração pública ou privada. 
O poder como a capacidade de fazer com que outras pessoas ajam na dependência de sua vontade, pode ser encontrando em muitos exemplos de situações diárias: 
A dona de casa que humilha a sua empregada doméstica e exige que ela suba, sempre, pelo elevador de serviço; 
a sociedade que vê com desdém o lixeiro e o gari que varre nossas ruas; 
o superior hierárquico que sequer cumprimenta seu subalterno; 
os pais que impõe sua vontade aos filhos tolhendo a livre escolha desses, por vezes escolhendo sua profissão ou com quem devam se casar; 

o preconceito sobre a condição econômica, a cor da pele, o nível cultural, o credo religioso, etc.. Importante frisar que muitas religiões são por si só soberbas na medida em que pregam a salvação apenas para seus seguidores, todos os demais são infiéis. 
Não querer abrir mão de um poder que durante anos deu sentido e valor à vida do soberbo, pode trazer muito sofrimento.
Ninguém abre mão do poder, ou sequer, de uma parte dele, com facilidade e satisfação. A perda do poder muitas vezes é sentida como sendo algo depreciativo, fere de morte a soberba. Já o antônimo da soberba é a humildade. 
A soberba está muito distante da humildade, característica básica de quem possui algum autoconhecimento. 
A humildade revela inteligência, nobreza de alma e superioridade de espírito, boa formação de caráter e um conceito exato do que é a vida. 
“É a qualidade das pessoas que procuram estar no nível dos outros, ninguém é pior ou melhor do que os outros, todos estamos no mesmo nível de dignidade, de cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade. Humildade é assumir, seus direitos e obrigações, erros e culpas sem resistir, agir diferente disto, é soberba e uma negação da sua origem”. 
Ser humilde é também ser grato. Agradecer sua vida a Deus todos os dias, a comida que você come, os que trabalham para que você possa sobreviver: 
o agricultor que planta, o cientista que descobre novas técnicas, a costureira que faz sua roupa, os prestadores de serviços: água, luz, telefone, cabeleireiro, médico, advogado, dentista, etc., etc.. Só os humildes são capazes de agradecer, os soberbos pensam que tudo não passa de obrigação que todos lhes devem. Parafraseando o polêmico jornalista esportivo Jorge Kajuru: “Quem não tem gratidão não tem caráter”. 

“Não há nada que demonstre tão bem a grandeza e a potência do intelecto humano, nem a superioridade e a nobreza do homem, como o fato de ele poder conhecer, compreender por completo e sentir fortemente a sua exiguidade”. (Giacomo Leopardi).

Texto do Ir.’. Antônio César Dutra Ribeiro OR.'. Vitória-ES